quarta-feira, 18 de abril de 2012

Sustentabilidade e o Reino de Deus


Algumas expressões viram moda e acabam aparecendo em tudo que é artigo ou discurso. Mesmo que a expressão não sirva em alguns contextos, dá-se um jeito de encaixar por que parece bonito e atual. É quase impossível abrir um jornal ou uma revista e não se deparar com o termo "desenvolvimento sustentável", por exemplo. Quem usa o termo parece ser uma pessoa bem informada e segura, por isso mesmo os políticos são os campeões do uso, embora evidentemente não sejam os únicos.  


Como todo modismo os termos se alternam, vem e vão com rapidez e sem deixar rastro.  Para percebermos esse fato é só lembrar de alguns desses termos que foram moda recentemente como,“qualidade total”, “foco no cliente”, “parceria”, “inovação”, “responsabilidade social”. 
Um ponto importante que cabe observar sobre esse modismo é que o uso não está confinado ao ambiente empresarial ou político. Outra observação interessante, é que esses modismos têm uma origem comum, a economia, e por isso também têm uma relação muito direta com o lucro.

A moda agora é "Sustentabilidade"

Inicialmente sustentabilidade era a capacidade de utilizar recursos naturais sem comprometer as futuras gerações. Por essa definição podemos ver que o termo possuía um viés quase que exclusivamente ambientalista. Porém rapidamente o termo passou a ser usado também nos debates políticos-empresariais para definir as responsabilidades sócio-econômicas das empresas e do estado. Aliás, o uso do termo já ultrapassou essa barreira e agora ouvimos falar de sustentabilidade nas igrejas.


Onde queremos chegar com isso?

Dentre as aberrações trazidas pela infame teologia da prosperidade está a mania de criar uma versão gospel de tudo quanto é moda no discurso e na prática política e empresarial. Assim é que, o "politicamente correto" tornou-se pretexto para adocicar e distorcer a mensagem do Evangelho. A "Inovação e Reciclagem" desculpa para alterar a liturgia, transformando-a em entretenimento espetacular; A "qualidade total" é outro nome para supervalorização da estética e dos métodos em detrimento do conteúdo; O "foco no cliente" é antropocentrismo disfarçado de "amor pelas almas", em substituição descarada ao Teocentrismo; e tudo isso tem como pano-de-fundo o lucro, é claro!


O que significa sustentabilidade no contexto eclesiástico ?

Há muitas possibilidades e vertentes para o que possa significar esse termo na Igreja. Há algumas igrejas locais preocupadas com as questões ambientais, que discutem e pregam sobre o tema com razoável frequência. Já possuem até um espaço fixo para isso  em suas agendas de programações. Não é nosso propósito nesse momento fazer juízo de valor sobre a pauta proposta pelas chamadas "igrejas verdes". Citamos essas instituições apenas como exemplos do uso do termo. afinal, toda instituição que se preocupa de forma sincera com a natureza tem o seu valor, e ponto.

Mas, sem sombra de dúvida, as igrejas que mais se utilizam do tema (de forma ambígua, diga-se) têm um discurso nada ecológico. Geralmente são guiadas pela famigerada teologia da prosperidade. Nessa linha, igrejas sustentáveis são aquelas que multiplicam o patrimônio a toque de caixa, transformando-se rapidamente em impérios poderosíssimos. Essas igrejas guiadas pela insustentável teologia da prosperidade não dependem de um Sustentador Soberano. Dependem da capacidade criativa de quem lidera, não importando o quanto tentam  nos convencer do contrário. As idéias mirabolantes para aumentar a receita são provas cabais dessa sustentabilidade do mal. Os modismos, de que se lança mão, são artifícios para parecer moderna e assim conquistar ainda mais espaço. Não há preocupação social, ambiental ou humanística em jogo. O objetivo é o lucro. E se não há espaço para discussões sociais, muito menos ainda para os grande temas da Bíblia, como Salvação, Ressurreição, Pecado. Os amantes dessa sustentabilidade maligna são
"inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infamia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas". (Fp.3.18-19) 
Nosso sustento vem do Senhor, pois "ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo o mais" At.17.25.  A sustentabilidade do Alto não é fruto de modismo nenhum, mas vem de um Deus que controla, e que vela por sua Palavra para a cumprir (Jr.1.12). A Igreja de Cristo não está construindo um império, mas propagando um Reino já estabelecido. 
 O reino não é o sonho ingênuo do liberalismo, no qual, com o aumento da educação e o passar do tempo, o pecado e seus efeitos serão tão erradicados da terra que a utopia alvorecerá. O reino não é o sonho enganador da espiritualidade sem Cristo, onde todos aprendem a nutrir a centelha da divindade dentro de si e a manter o seu verdadeiro “eu bom” em harmonia. O reino não é o sonho político de que se nós simplesmente colocarmos os líderes da direita no poder e derrotar todos os bandidos, a boa vontade governará a terra. O reino é tanto uma viagem como um destino, tanto uma operação de resgate neste mundo quebrado como um resultado perfeito na nova terra por vir; ambos já iniciados e ainda não finalizados.(http://monergismo.com/mark-driscoll/o-que-e-o-reino-de-deus/)
 Esse Reino não necessita de métodos de sustentabilidade, mas é feito de "justiça, paz e alegria no Espirito Santo (Rm.14.17). Não está à deriva, mas avançando firmemente para o seu estabelecimento pleno. 
Quando Cristo voltar, mesmo a natureza que hoje geme e suporta angustias a despeito de todo discurso da sustentabilidade ambiental, será "redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus" (Rm.8.21,22)

Portanto, não precisamos inventar toalhinhas suadas, mantos da cruz, livros das conquistas, miniaturas da arca da aliança, amuletos e mais amuletos, campanhas infindáveis, como se o Reino dependesse de nós.  Mas simplesmente adorar e pregar pois para isso é que fomos chamados.
 Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor. (Hb.12.28)
Àquele que nos sustenta, e vive e reina eternamente seja o poder, a honra e a glória para todo o sempre! 


Francisco Jr

Um comentário:

  1. ótimas palavras de fato esta infame teologia da prosperidade que esta mais para teologia da GANÂNCIA infelizmente tem crescido.
    os pregadores ao invés de livrarem as pessoas do suicídio de ficarem ricas tentam afundada-las ainda mais neste desejo.
    “Ora, os que
    querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências
    insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição.
    Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se
    desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.”
    (1Timóteo 6:9-10).
    Deus abençoe.... francisco Jr
    Ass. Fábio Aguiar

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