terça-feira, 21 de julho de 2009

A ADORACAO NOSSA DE CADA DIA

"Do nascimento do sol até ao ocaso, louvado seja o nome do Senhor".Salmo 113.3


"Nós não vamos à igreja para adorar, porque a adoração deveria ser a atividade e atitude constantes do cristão dedicado. Nós vamos à igreja para adorar pública e corporativamente". (John Armstrong)


ADORAÇÃO COTIDIANA


Normalmente pensamos em adoração somente quando estamos no culto. Alguns mais reducionistas ainda pensam em adoração naquele momento do culto destinado ao louvor congregacional. Dessa forma, o que deveria ser parte da "atividade e atitude constantes do cristão dedicado", se torna um fim em si mesmo.

O que deveria ser um momento sublime de crescimento, de edificação e comunhão com Deus, se torna um drama de esforço patético para "sentir" alguma coisa. E o pior é que "sentimos", e o resultado dessas sensações é a perpetuação do erro. É uma catarse que nos alivia e "justifica" uma vida superficial, cheia de desvios, de altos e baixos, enfim de pecados mesmo. A expressão de adoração se torna apenas um compartimento separado da vida. Habilmente construímos vários desses compartimentos (vida espiritual, vida material, vida sentimental, vida profissional, e por aí vai...), chamamos de "vidas", mas na verdade são máscaras existenciais.

A verdadeira adoração segue um caminho inverso, ou seja, não é um momento de êxtase que justifica o "vale tudo" e seus compartimentos, e sim uma vida que torna relevante o momento do culto como bem expressou Geoffrey Thomas: A verdadeira adoração surge a partir de um contínuo andar com Deus. Um homem que dificilmente pensa em Deus durante os seis dias da semana, não está apto a adorá-lo corretamente no sétimo dia. Se tal pessoa fala quanto está se "regozijando" na adoração, alguma coisa está errada com ele! Ele está se entretendo ou está recebendo aquela vaga sensação de desafio que o homem natural desfruta.

Por outro lado, em meio à verdadeira adoração, tal pessoa deveria sentir quanto está afastada de Deus e sentir uma tristeza santa por sua negligência para com a glória do Senhor. (Geoffrey Thomas) Como podemos ver estamos nos distanciando da verdadeira adoração na medida em que desvinculamos o domingo do restante da semana. O que Geoffrey está dizendo é que a nossa adoração formal do domingo é enganosa se Deus não é Senhor de nossa vida todos os dias. Nos anos 80 o pastor Caio Fábio expressou essa mesma verdade com muita propriedade, dizendo: "Quando não há culto na vida, também não há vida no culto".


ADORAÇÃO E SERVIÇO



A adoração também é enganosa quando não há serviço real ao reino de Deus. A verdadeira adoração anda de mãos dadas com o serviço ("...ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele servirás" Mt.4.10). O serviço implica logicamente em mais que palavras e pensamentos, por mais poéticos e filosóficos que sejam.

Em verdade, adoração feita só de palavras, versos e poesia é abominável ao Senhor, como vemos em Isaías 29.13: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído; Adorar com "mais que palavras", é adorar servindo ou servir adorando.
O serviço a que nos referimos é portanto, aquela noção de que nossos afazeres diários são para a glória de Deus. O senso de adoração precisa ser sobretudo bíblico, e então atingir intensamente cada aspecto da nossa vida. O seu trabalho secular é para a glória de Deus, não importando o que você faça; o seu momento de lazer também é para glória de Deus! Enfim, "tudo o que fizerdes seja em palavra seja em ação fazei em nome do Senhor Jesus dando por Ele graças a esse nome".(Cl.3.17) Precisamos resgatar o sentido da verdadeira adoração, pois Deus não recebe adoração que não tenha sido por Ele mesmo estabelecida. Não podemos pensar que tudo o que Deus pede é sinceridade, pois podemos estar sinceramente errados.

Martinho Lutero nos deixou um legado importante de resgate da adoração simples, que não requer invenções copiadas sem critério do mundo doente, como vemos hoje. E é dos dias da Reforma que nos vem um exemplo maravilhoso, quando um certo sapateiro se aproximou de Lutero perguntando "o que deveria fazer da sua vida, agora que se tornara cristão", e o sábio reformador disse prontamente, "faça um bom sapato e venda por um preço justo"! Talvez aquele homem esperasse uma resposta clichê do tipo, "consagre-se inteiramente ao Senhor, viva só da obra"! Mas Lutero sabia que somos verdadeiros adoradores com o nosso trabalho bem executado, sendo bons profissionais em nossa área, não dando ‘calote’ na praça, sendo bom pai e bom marido e até quando separamos de forma ordeira um tempo para o lazer.

Em outro momento perguntaram a Lutero "o que você faria hoje, se soubesse que Cristo volta amanhã ?" e o Reformador mais uma vez surpreendeu: "plantaria uma árvore" ! Pois não importa o amanhã, nem o domingo de culto, nem lugar (Jo.4.21-23). Precisamos viver cada dia para glória de Deus, cada atitude nossa deve glorificar o Nome do Senhor da vida !


Porque dEle, por meio dEle e para Ele são todas as coisas, a Ele pois a glória para sempre, Amém!

Um comentário:

  1. exatamente isso! simples e direto, e não é difícil de conseguirmos adorar a Deus em tudo o que fazemos. é uma questão de prática :-)
    [ ]´s em Cristo!

    ResponderExcluir