quarta-feira, 6 de maio de 2009

OS DESAFIOS DA PREGAÇÃO

[...] ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.Mt 28.19
Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Mc.16.15
Tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação.2 Co. 5.18
Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê [...] Rm.1.16
Porque todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas. Rm.10.13-15

[...]aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.1Co.1.21b

O conjunto de textos acima é apenas um “pequena” amostra de como a Bíblia valoriza a pregação como uma das principais justificativas para a existência da Igreja. Lendo esses e muitos outros textos da Bíblia não nos resta dúvida de que a pregação é o grande papel da igreja no mundo, e tudo o mais se torna irrelevante diante desta responsabilidade. Na verdade o papel da Igreja é tríplice, como observa Wayne Grudem em sua Teologia Sistemática:

  • Em relação a Deus – ADORAÇÃO
  • Em relação aos cristãos – EDIFICAÇÃO
  • Em relação ao mundo - EVANGELIZAÇÃO

Viver o equilíbrio e a harmonia dessa responsabilidade tríplice se constitui em grande desafio para a Igreja, e consequentemente para cada um de nós, pois cada cristão foi chamado e comissionado para pregar o evangelho (2Co.5.18;Mt.28.18,19). A pregação é o ponto de equilíbrio nesta tarefa tríplice, pois por meio dela se conduz à adoração de forma consistente, a igreja é edificada e o mundo é evangelizado. Devemos, portanto, atender com todo esforço os desafios que a pregação nos impõe. Quais são esses desafios? Gostaria de propor uma reflexão sobre três desses desafios aqui.

1. DESAFIO DE PREGAR INDEPENDENTE DE CARGO OU POSIÇÃO

Esse desafio está relacionado ao chamado incondicional, ou seja, todos quantos foram alcançados pelo evangelho também foram comissionados para pregar esse evangelho, como ensina o apóstolo Paulo na carta aos conrintios: Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Rogamo-vos, pois, em nome de Cristo, que vos reconcilieis com Deus." 2Co.5.17-20 Note que o texto não faz nenhuma referência a cargo hierárquico na Igreja, simplesmente diz que a única condição para que sejamos “embaixadores em nome de Cristo” é que tenhamos sido alcançados pela palavra da reconciliação, e isso diz respeito a todos quantos foram chamados! Não precisamos sempre de um púlpito, não precisamos de um crachá, podemos passar até sem reconhecimento da igreja local, mas nada é mais honroso do que a Bíblia dizer que somos “embaixadores de Cristo”. Esse desafio também diz respeito à representatividade sacerdotal que recebemos de Deus, esta grande conquista da Reforma Protestante – o sacerdócio universal de todos os crentes, como disse o Apóstolo Pedro: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; Vós, sim, que antes não éreis povo, mas agora, sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia. 1Pe.2.9,10

2. DESAFIO DE PREGAR O “VELHO” E BOM EVANGELHO

Esse desafio é grande em função do tempo em que vivemos. Tempo em que “imagem é tudo”, e que os rótulos, performances e métodos são mais importantes do que o conteúdo; tempo orientado pelo marketing, pelo pragmatismo e pelo entretenimento; tempo de superficialidades e de busca frenética por novidades que passam. Como observou Richard Foster, “na sociedade atual nosso adversário se especializa em três coisas: barulho, pressa e multidões”. Tenta nos manter ocupados com “grandeza” e “quantidade”. Precisamos refletir criticamente sobre a influencia desse pragmatismo na forma como pregamos, como observou Douglas D. Webster(MacArthur, Com Vergonha do Evangelho, Ed FIEL): "A pregação bíblica era teocêntrica, revelava o pecado, tocava no ego e transformava vidas; era completamente o oposto dos sermões rápidos e informais de hoje que cristianizam a auto-ajuda e servem mais para entreter do que convencer do pecado. Há tantas ilustrações nos sermões de hoje (sensíveis ao "mercado"), que o ouvinte se esquece da verdade bíblica que está sendo ilustrada; tantos casos pessoais, que o povo conhece mais o pastor do que a Cristo; tantas histórias de interesse humano, que ouvir o sermão é mais fácil do que ler o jornal de domingo; são tão práticos, que não há quase nada a ser praticado. Não devemos nos admirar do fato que os cristãos nominais deixam a igreja sentindo-se bem. Sua auto-estima foi preservada intacta. Seus corações e suas mentes foram acalmados com a teologia superficial, com máximas cristãs e algumas outras questões práticas relacionadas a auto-estima, filhos ou trabalho. Mas permanece a questão: a Palavra de Deus estaria sendo pregada de modo fiel e eficaz, penetrando, com a verdade de Jesus Cristo, em áreas nas quais o ouvinte sente-se confortável e retirando-lhe a máscara de auto-satisfação?" Para assimilar o desafio de pregar o “velho” e bom evangelho precisamos entender que “não é a engenhosidade de nossos métodos, nem as técnicas de nosso ministério, nem a perspicácia de nossos sermões que trazem poder ao nosso testemunho”(MacArthur), mas sim o evangelho puro e simples que continua sendo “o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm.1.16)

3. DESAFIO DE PREGAR SEMPRE

Paulo ensinou a Timóteo, que este deveria pregar a palavra à “tempo e fora de tempo” ou “quer seja oportuno quer não” (2Tm.4.1,2). A Bíblia diz que o chamado nos transforma em “sal e luz”, podemos perder o sabor eventualmente, mas não deixamos de ser sal, e não se pode, em tempo algum acender uma lâmpada e colocá-la embaixo da mobília. Portanto, esse desafio demanda toda a nossa vida, todo o nosso tempo. O imperativo “ide” talvez ficaria melhor traduzido como “enquanto estiverdes indo”(Mt.28.18), ou seja, enquanto estivermos “indo” devemos pregar: no caminho, no trabalho, na escola e em casa, sempre! Esse desafio certamente não implica em que devamos ser daquelas pessoas inconvenientes que sufocam a todos falando sem parar. O desafio de pregar o evangelho sempre exige toda nossa vida, pois é com ela (a vida) que pregaremos e assim seremos eloqüentes (ou não). Devemos pregar inclusive onde aparentemente não precisa, pois só Deus sonda os corações. Haverá oportunidades em que abriremos a Bíblia e falaremos o que está escrito, e isto certamente é importante, mas na maior parte do tempo é a nossa vida que será “uma carta conhecida e lida por todos”. Como bem falou Francisco de Assis: “pregue o evangelho sempre, e se necessário for use palavras”. Por que não há nada mais impactante do que uma vida que dignifica o chamado!

Àquele que nos Chamou e nos confiou a palavra da reconciliação seja a glória para sempre!

3 comentários:

  1. Muito bom esse estudo, Prof. Francisco.
    Deus continue abençoando sua vida.
    Em Cristo,

    Pr. Nino

    1a. Igreja Batista em Itu-SP

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  2. Caro Francisco Jr, gostei deste texto e tomei a liberdade de republicá-lo no meu blog: gps-guiadospelosenhor.blogspot.com, com um link para o seu. Espero que concorde.
    Fique na Paz do senhor!

    Carlos Alberto

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  3. Obrigado Pr Nino...

    Caro Carlos Alberto, claro que pode republicá-lo...Na Paz de Cristo!!!

    Francisco Jr

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