segunda-feira, 4 de maio de 2009

A MORTE DA PREGAÇÃO (PARTE 2)


“O cão late quando seu dono é atacado. Eu seria um covarde se visse a verdade divina ser atacada e continuasse em silêncio, sem dizer nada.” João Calvino


Sem dúvida entre tantos fatores que desencadeiam a morte agonizante da pregação nos nossos púlpitos, está entronizado o "culto à auto-estima", com o seu pragmatismo e seu foco no homem como o centro e a medida de todas as coisas. Esse antropocentrismo, aliás, é cumprimento exato daquilo que Paulo declarou a Timóteo: “a de chegar um tempo em que os homens não mais suportarão a sã doutrina, e como quem tem coceira nos ouvidos cercar-se-ão de mestres segundo as suas cobiças”. (2Tm.4.3) Como nesse círculo vicioso (“do homem e para o homem são todas as coisas”), quase toda atenção é dada a auto-estima, e cada pessoa tem os seus próprios problemas com ela, segue-se que a mensagem procura atingir anseios individuais.
A própria fé se tornou um questão de gosto pessoal nesse período de relativismo. As mensagens agora atendem aos apelos dos homens. Não mais tem como base Deus e sua Palavra e sim o homem e suas ansiedades. Já não se dirige a palavra a todos igualmente, mas cada um assimila do jeito que preferir, pois tudo é exposto da forma mais genérica possível. As mensagens já não são constituídas de verdade objetiva, mas de palavras subjetivas que podem finalmente se encaixar em cada dilema ou sonho individual. A cobiça foi santificada. O egoísmo é sagrado. O consumismo é atestado de benção. A ostentação material é eloqüente. A ufanação e o triunfalismo são quesitos indispensáveis nos pregadores mais solicitados hoje, sem contar a arrogância e a prepotência. Os livros de auto-ajuda substituíram a Bíblia e os livros de teologia.
E segue o enterro da pregação sem pompa e sem alarde, afinal temos substitutos (valha-me Deus!). As personalidades estão aí, (e como gostamos de cultuá-las!) com sua fabriquinha de ilusões, “avivamentos” de meia hora comprados a granel nas barraquinhas da rua Conde de Sarzedas (centro comercial gospel em São Paulo). E os resultados estão aí também, para quem quiser enxergar: gente problemática, anestesiada, pálida, sem apetite, que ri e chora morbidamente sem saber por que, que canta entusiasticamente o que projetarem no telão, vivendo uma falsa sensação de plenitude, dando a impressão que não precisam da Bíblia, pois nunca estiveram tão bem com Deus...nada mais antagônico ! É tudo muito surreal como profetizou Isaias: “ao mal chamam bem, e ao bem mal; fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo” Is.5.20

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